Que mais me poderia fazer rir no fim de turno?! Pois é... o meu colega de recepção a fazer um check-in a um casal de ingleses, ao mesmo tempo que... se ouve um chinês a dar um arroto bem alto e a bom som no bar do hotel?! Bom, como um não foi suficiente, ficámo-nos com 3! Yeah! "3 diga lá outra vez"! 3 arrotos! Viva a diferença de culturas! VIVA!!!
O meu colega que é novo nestas andanças, ficou intrigado... mas... isto não é mais que um choque de culturas! ;)
Há três semanas que ele foi Portugal, e ainda faltam mais duas. Está a custar mais do que sequer alguma vez imaginei. A minha amiga costuma dizer que eu gosto mais dele do que penso. Verdade ou mentira, não sei. Sei que ele tem medo e eu também. Ao momento de ir decidimos ter uma conversa. Por vezes, ele tem atitudes que me custa compreender, que me custa reagir bem a elas. A verdade é que somos muito parecidos e por vezes acabamos por "chocar". Não em termos de opiniões, nem de ideais de vida. Tivemos uma conversa, uma grande conversa, e ele parece que está a tentar mudar. Está em Portugal e contacta-me várias vezes ao dia. Well done! Se bem me lembro, o ano passado por esta altura estava enfiada no quarto, a chorar pelo meu ex-namorado (pessoa que pensava ser o amor da minha vida, se bem se lembram), pois mal conseguíamos coincidir as horas para conseguirmos falar (desculpas!). Parece que tenho mesmo namorado. Passaram alguns meses desde que estamos juntos... Mas durante estes últimos meses, a minha cabeça parece que não "aceitava" essa palavra e/ou esse estado. Não sei se vai durar, não sei quanto tempo vai durar. Sei que quero aproveitar a vida, quero descobrir com ele coisas novase diferentes. Ele atravessa uma fase muito difícil e isso também faz com que o seu estado psicologico oscile e por sua vez a nossa "relação" também é afectada. É bom ter aqui alguém. É tão bom sair do trabalho e ir directo ter com ele. Terminar o turno, dizer "até amanhã" aos colegas e fugir a sete pés antes que aconteça alguma coisa e eu tenha que ficar! A sua positividade faz-me bem. As suas brincadeiras também. Por vezes, chateia-me algumas coisas que faz (nada de muito grave, mas como tão bem vocês sabem, há coisas que os homens fazem que irritam as mulheres). Mas chateia-me tanto que quando chego perto dele só me apetece "bater-lhe", mas logo me passa. Tem aquele seu jeito meio desastrado (como eu) mas que sempre (ou quase sempre) me faz rir. E isso é o mais importante. Já tive quase a mandá-lo dar uma voltinha (ups!), mas ponderei duas vezes e hoje não me arrependo. Não sei até quando, mas... Um dia de cada vez.
Sinto que escrevo pior cada vez mais, e isso era aquilo que eu não queria mesmo... O meu idioma. O meu português. A minha identidade.
Sinto tanto mas tanto a falta da minha mãe. É inexplicável a falta que as mães nos fazem. Estar a quase 2000 km, muda tudo. Sinto falta até de chamar "mãe", chamar "mãe" e estar ao pé dela. Tenho saudades da comidinha dela. O tempo que as "mães" gastam na cozinha a preparem a comida... O tempo que as "mães" gastam com pequeninos gestos mesmo que tenhamos 30 anos. Eu tenho 30 anos, e não somos "mãe e filha" de darmos beijinhos e abraços, mas somos "mãe e filha" de pequeninos mimos que fazem toda a diferença. Faz me falta a calma dela. Faz me falta ir ao supermercado com ela, e se tiver alguma dúvida em algum produto... perguntar-lhe. Hoje estou aqui sozinha. Opção minha, como tão bem aqui tenho escrito. Sabia que ia ser assim. Mas entre dias super preenchidos, entre dias divertidos e de grandes momentos, vêm por vezes aqueles dias mais melancólicos, em que bate a saudade e a falta do conforto da mãe. Podem estar 1000 pessoas, mas é ela que faz a diferença. É a ela a quem eu posso dizer a maior parvoíce do mundo. É ela quem vai rir, e deixar de lado... Sem criticar. É ela quem não me julga, quem nunca me encostou à parede. É ela quem sempre confiou em mim e jamais me irá abandonar. Eu sei, eu sei porque ela é minha mãe e eu conheço-a. Estamos separadas geograficamente, mas jamais emocionalmente. Para muitos posso parecer "menina da mãmã". Mas posso dizer que a partir do momento em que pus os pés naquele avião, certa de que queria tomar este desafio, cresci muito. Amadureci muito. Tornei-me mulher. Agora olho, penso nela com o coração apertadinho de quem está há 10 meses sem ir às suas origens. Assim o é, porque felizmente posso dizer que tenho a melhor mãe que alguma vez poderia pedir. A minha mãe.