Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Desabafos de uma mulher dos anos 80...

"A vida em constante mudança..."

Desabafos de uma mulher dos anos 80...

Qua | 22.06.16

Desabafos...

Butterfly

Poderia por aqui dizer muita coisa. Estou triste. Todos sabemos e conseguimos imaginar o quão dificil deve ser abandonar o nosso país e ir à luta de outra vida num país que não é o nosso. Mas mais uma vez eu digo... Uma coisa é imaginar, outra é passar. E vai aí uma grande distância. Se nos traz muitas vantagens? Sim, pois traz. Mas realmente não há nada como essa vida daí. Saídas a meio da semana, nem que seja apenas para um "café" com amigas, uma ida ao shopping à noite, uma tarde na praia, um jantar em casa de amigos, um passeio à beira mar... Enfim, são tudo coisas que cada vez mais sinto falta. Há 1 mês que estou distante de tudo isso...e cada vez mais fica dificil. Dizem que o tempo ajuda, mas estou numa fase em que parece só piorar. O Skype, whatsapp, facebook ajudam imenso, mas não há nada como um abraço caloroso, como uns miminhos no cabelo, como um aconchego de alguém e a voz da nossa mãe a nosso lado. Todos meus amigos dizem que sou uma corajosa... Eu e mais não sei quantos emigrantes portugueses, mas a verdade é que é muito duro. É duro sim, estarmos a falar e nem sempre nos conseguirmos exprimir da forma que gostaríamos. É duro sim, no meu trabalho. Estou muito em contacto com o cliente, e não entender ainda a 100% o que me diz. É duro ver o chefe ás vezes a rir. Por vezes, também me consigo rir, mas chega a um momento em que é saturante, muito cansativo. É um alívio quando chego a casa e sei que posso voltar a ser "eu". Sim... Porquê? Porque, até a voz a falar noutra língua faz-nos parecer outra pessoa. Somos mais directos... mas no meu caso, muito mais meiga. Ontem tive outro cliente a perguntar se fui eu que atendi o telefone com a minha pronúncia charmosa. Segunda vez que me dizem isto. Os clientes acham piada... (Sinceramente não sei qual é a piada mas ok, estou em dia "NÃO", e por isso tenho de dar um desconto). Enfim... Dia após dia, é uma conquista. Força a todos os portugueses espalhados por este mundo fora. Estamos no mesmo barco!

Afficher l'image d'origine

Qui | 09.06.16

"Vamos a Portugal"! - Eis algumas situações de quem mudou de país...

Butterfly

E sente-se que estás mesmo a fazer vida no estrangeiro quando:

 

- Começas um novo trabalho;

- Conheces novos colegas;

- O novo colega diz que o "vinho do porto do alentejo" é um espectáculo!

- Não percebes as brincadeiras que eles fazem entre si, dado que o idioma não é o mesmo;

- As estradas são novas para ti;

- Te perguntam pela carta vital e tu ainda não a tens;

- Vais ao supermercado tentas escolher os sabores dos caldos knorr e percebes que o melhor é arriscar pela imagem da embalagem (e quem diz caldo knorr, também pode dizer pacote batatas fritas com sabor a... etc.)

- Percebes que não há batata-palha para cozinhar (e recorres ao mini-mercado português);

- Percebes que as natas não são nada de jeito (e recorres ao mini-mercado português);

- A maior parte do tempo não vês sol;

- Pode haver calor mas não há praia;

- Ligas o computador para ver televiisão portuguesa em directo e encontras reportagem de outros emigrantes franceses e isso mexe muito contigo.

- Páras o carro à espera que o vermelho do semáforo mude para verde e ouves música tradicional "em altos berros" na carrinha de jardinagem que está parada em sentido contrário! Mas... curiosamente aquilo "diz-te" alguma coisa que antes não dizia...

 E pronto, agora foi isto.

Qua | 01.06.16

2 semanas e...País, novo... trabalho novo!

Butterfly

Quase 2 semanas num novo país, 4 entrevistas, e mais uma respostas positiva. Brevemente vou dar início ao meu novo trabalho. Felizmente consegui emprego na minha área, um hotel 4 estrelas e bem classificado no booking e afins. Portugal está longe, mas é inevitável (por enquanto), não comparar as oportunidades inexistentes do nosso país com as oportunidades que outro país estrangeiro nos oferece. Uma certa mágoa permanece em mim, mas parece-me que com o tempo isto vai desaparecendo ou vai sendo substituido por outro tipo de sentimentos. Saudade, é o mais provável. Um dia ainda vou ter certezas de que essas oportunidades que Portugal não me soube dar, foi o melhor para mim. Oxalá que sim. No entanto, só tenho a agradecer, uma vez mais, aos meus pais, irmão, restante família e amigos. Apenas a eles. Mais nada.

Sinto-me pronta para o novo desafio, e sinto que a partir de agora sim... Vou começar a ser mais uma daquelas que participa no crescimento de uma outra economia que não a do país de origem. 

Afficher l'image d'origine